Paradoxo

E é nesse paradoxo, que tanto me confunde e trai, que me arrebenta, que me corrói, que eu encontro verdades que me reconfortam pra fazer amar, pra depois zombar de mim na sua tão dolorosa partida, como um cachorro sendo torturado com um bom petisco.
Preferia ter um nada a um tudo em termos. Meio tudo. Vê metade do sonho, moço! Isso, um pouco menos, aí!
Que tanto eu penso que sou capaz de ter, o mundo? Grande bobagem, grande mundo de ilusões, grande mundo usurpador de pequenos sonhos! O que queres de mim, oh grande mundo dos meus pequenos sonhos? Custa livrar o meu pedaço de sonho do teu egoísmo de tudo querer?
Meu grande sonho no teu pequeno mundo não cabe mais. Eu, que alarguei minha existência pra te acomodar em meus braços. Grande besteira, meu grande mundo, você, que zomba de mim num tão despreocupado caminhar; e depois chora, e se desculpa, e se promete, promete o mundo, promete a si mesmo.
Me vem então o nada...minha sina, meu fugir ou encontrar do paradoxo. Só sou dois opostos se sou nada, ou então tudo. Hoje sou nada, hoje me anulei pra não te ter mais em mim. Pra não me ter tendo você sem te ter.


Pego o violão e toco "Smile", de Charles Chaplin, aos prantos, talvez seja a sina reafirmando sua existência.


Smile
Even though its breaking,
When there are clouds in the sky you'll get by,
If you
Smile through your fear and sorrow,
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you.
Light up your face with gladness,
Hide every trace of sadness,
Although a tear may be ever so near,
That's the time you must keep on trying,
Smile, what's the use of crying,
You'll find that life is still worhwhile,
If you just smile.